Não sei falar sobre Deus, não o imagino como um velhinho de barba branca com túnica azul-clara. Mas eu sei que existe uma energia que move o mundo e essa energia me permite perceber coisas boas da vida, e essa percepção acolhe minha alma e faz de mim uma pessoa mais feliz e confortada.
Hoje eu fui ao dentista na Avenida Brasil na altura do número 1700, desci do ônibus, na Praça da Liberdade e resolvi passar por dentro pra cortar caminho e porque eu gosto das fontes de lá.
Passei por um canteiro de rosas vermelhas, que pareciam de veludo, tão vermelhas quanto o batom que a Madona usava quando fez um filme nos anos 80. Vermelho sangue, vermelho vida.
O canteiro estava repleto de rosas e eu fiquei maravilhada com a cor, com a beleza e perfeição. Parei, olhei, extasiei. Pronto. Deus existe. E Deus está dentro de mim, é parte de mim, quando eu consigo ver uma rosa e me sentir feliz e agradecida, sei que é a minha parte divina se manifestando.
Saí do dentista, atravessei a Avenida Brasil e entrei em uma padaria. Sentei no balcão e a moça do outro lado, sorriu pra mim, me deu um bom dia caloroso e disse: o que vai querer minha querida? Tem pão-de-queijo fresquinho, quer um? Ou você prefere um pastel que acabou de sair? Pode sentar, fique à vontade.
Calada por uns segundos, olhando pra ela com cara de elevador (aquela cara que fazemos dentro de um elevador cheio de estranhos). Fiquei boba, chocada, como diz uma amiga. Fiquei agradecida por ela existir, por ela sorrir pra mim, por ela me acolher. Fui servida e fiquei observando a moça enquanto comia, ela tratava todos que chegavam ao balcão de uma forma tão carinhosa que emocionei. O meu vizinho de banco foi chamado pelo nome, descobri que ele era freguês antigo e perguntei a ele se a moça-sorriso era sempre assim, ele disse que em muitos anos como freqüentador da padaria, somente um dia a viu cabisbaixa, foi quando a mãe dela faleceu. Meu pão-de-queijo estava delicioso e o café também, mas a comida é reflexo da atenção da moça com os clientes. Delícia é ser tratada com educação e respeito. Não sei o nome dela, não sei onde mora, e nem o que faz. Mas sei que assim como eu, ela tem problemas infinitos, mas quando ela acorda todas as manhãs, ela escolhe sorri pra vida e para os clientes. Ele fez o meu coração vibrar.
Outra moça que conheço que me faz feliz é caixa do Banco Itaú aqui do lado da Minas Print, Raja Gabaglia, altura do número 4000. Quando eu recebo meu salário, tenho opção de pedir pra alguém que está indo ao banco trocar o cheque, trocar o meu também, mas eu prefiro ver a moça, fico na fila esperando ser atendida por ela. Porque ela atende sorrindo, os olhos dela falam, e ela atende a todos com uma educação e amor, que dá vontade de ficar perto dela. Uma vez eu disse a ela que eu gostava de ser atendida por ela, só pra ter o prazer de vê-la sorrir (ela só fica sorrindo), e ela respondeu que a vida não tem sentido se deixarmos ser contaminados pelos problemas, ela me disse que tem problemas, mas eles são mais fáceis de resolver se ela está sorrindo.
Assim como a moça da padaria e a moça do Itaú, existem um monte de moças e moços nessa vida que são luz, e o mundo seria melhor se sorríssemos como eles.
Existem opções em nossas vidas, porque temos o direito de escolha. Abro os olhos todos os dias e posso traçar o meu destino. Sorrir ou chorar? Brigar ou Amar? Agradecer ou brigar? É uma escolha.